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Lubrificantes – o parente esquecido do desenvolvimento tecnológico sustentável

Não tenho dúvidas ao afirmar que se há indústria que sempre foi imprescindível para o desenvolvimento da humanidade e à qual a sociedade normalmente não só não atribui qualquer reconhecimento, como até tendenciosamente menospreza, é a dos Lubrificantes.

Tal como refere Mattia Adani, presidente da UEIL – Associação Europeia da Indústria de Lubrificantes, no artigo que assina na última edição da revista LUBE, “a Indústria de Lubrificantes é percecionada, enquanto parte da Indústria Química, como perigosa, e enquanto parte da Indústria Petrolífera, como poluidora e ultrapassada”.

Para além de se tratar de uma avaliação falsa, por não corresponder à verdade, é também profundamente injusta para todos os que ao longo dos séculos a ela se têm dedicado, permitindo o desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos sem os quais a Humanidade não teria alcançado os atuais níveis civilizacionais.

Os lubrificantes estão presentes, sem disso darmos conta, na maioria dos equipamentos que utilizamos no nosso dia a dia, desde o elevador até ao automóvel, bem como das Indústrias, desde a Alimentar à Aeronáutica. Sem os adequados lubrificantes, cujo desenvolvimento é resultado de intensa pesquisa e investigação científicas, não teria sido possível a exploração espacial, ou até uma simples expedição aos Polos. A formulação de um lubrificante é uma operação muito complexa em função de um conjunto de requisitos impostos pela tecnologia do equipamento a lubrificar, as condições a que vai estar sujeito, tais como temperatura, carga, choques, velocidade, atmosfera em que vai funcionar e fatores de natureza prática e económica, bem como de natureza ambiental.

Na verdade, os lubrificantes são fluidos notáveis. Por exemplo, durante o inverno em países frios os lubrificantes usados nos motores dos veículos têm de funcionar de forma fiável numa gama de temperaturas que podem variar entre – 40 °C no arranque, a 250 °C (temperatura perto do segmento superior do êmbolo). Têm também de lidar com pressões superiores a 100 Pascais, assim como gerir de forma eficiente os contaminantes externos, incluindo as partículas metálicas e de fuligem.

O desenvolvimento de lubrificantes de alta qualidade requer instalações modernas e sofisticadas bem como estudos complexos, longos e dispendiosos, implicando imensos testes laboratoriais, em bancos de ensaio e em funcionamento real, sendo disso exemplo as competições automóveis particularmente exigentes como a Fórmula 1 e o Dakar.

Para além disso, a rápida revolução dos últimos anos no desenvolvimento tecnológico, associada ao aumento da consciência com a proteção do ambiente e a necessidade de satisfazer normas cada vez mais rigorosas, determinou a necessidade de contemplar no projeto e fabrico dos lubrificantes, critérios como a eficiência energética - através da redução no consumo de energia dos equipamentos – e o impacto ambiental de certos elementos presentes nos aditivos.

Outra área em que os Lubrificantes são um exemplo, é o da Economia Circular. Sendo certo que o futuro nos vai trazer lubrificantes com maior grau de pureza, baixa volatilidade e uma maior vida útil, também é verdade que existe um enorme potencial de crescimento para a regeneração, processo muito semelhante ao de refinação do petróleo bruto e que permite obter, a partir de óleos lubrificantes usados, óleos base refinados, de qualidade idêntica ou superior à dos chamados óleos base virgem, contribuindo assim para um futuro mais sustentável.

João Reis, Assessor Comunicação Apetro

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